sexta-feira, 21 de maio de 2010

REQUERIMENTO AO SECRETÁRIO DE ESTADO DOS TRANSPORTES

Assunto: Transporte Ferroviário no Litoral Norte (Linha do Minho)

Exmo Senhor Presidente da Assembleia da República

Servindo há mais de um século as populações e as actividades económicas do litoral norte do país, a Linha do Minho foi, nas últimas décadas, vítima da estagnação de investimentos na ferrovia, como resultado do novo-riquismo das auto estradas e do favorecimento do transporte individual e do transporte rodoviário de mercadorias.

A electrificação do troço Porto/Nine, integrada na beneficiação do ramal de Braga, criou expectativas de outros investimentos, nas populações do Litoral Norte e da própria Galiza que, infelizmente, não vieram a concretizar-se, sendo as beneficiações da Linha do Minho remetidas para as calendas, especialmente quando tomou maior relevo o projecto de construção do TGV Porto/Vigo.

Entretanto, por razões de segurança das populações e insistência das Autarquias, foram realizados muito significativos investimentos na substituição das passagens de nível por atravessamentos desnivelados (só no concelho de Viana do Castelo foram investidos 15 milhões de euros pela parceria Câmara Municipal/Refer, nos últimos quatro anos), tendo sido também melhorada a velocidade de atravessamento do Rio Lima, com as obras realizadas no tabuleiro e pilares da Ponte Eiffel.

Lamentavelmente, a Refer não realizou quaisquer investimentos na própria ferrovia nem no material circulante (carruagens), mantendo um serviço aos utentes que, em tempo de viagem e comodidade, é praticamente igual ao de há quarenta ou cinquenta anos.

As próprias Estações entre Nine e Valença reflectem o injustificado desinvestimento da Refer e de sucessivos Governos, como é bem notório em Viana do Castelo, onde o vultuoso investimento realizado pela Câmara Municipal e Privados no complexo e moderno Interface de Transportes, marca ainda mais o relativo abandono do magnífico edifício da Estação da cidade.

Mas estas lamentáveis condições das Estações e Carruagens foram, infelizmente, acompanhadas por idêntica desatenção da CP que, depois de um fugaz período de serviço Intercidades, oferece aos utentes horários e tempos de viagens que desincentivam em vez de atraírem utentes para o transporte ferroviário.

Apesar disso, a relativa atractividade dos principais centros urbanos servidos pela Linha do Minho e, também, a crise económica que condiciona o transporte individual, provocaram um notório aumento do número de passageiros nos últimos anos.

Tal constatação requer da Secretaria de Estado dos Transportes e das Empresas Públicas que tutela – CP e Refer, a definição de uma estratégia consistente para o futuro da Linha do Minho, não só para melhorar o serviço de transportes de mercadorias (de e para o Porto de Viana do Castelo) e de passageiros para os principais centros urbanos – Barcelos, Barroselas, Viana do Castelo, V.P.Âncora, Caminha, V.N.Cerveira e Valença, mas, também, para tornar mais atractivo o serviço transfronteiriço para a Galiza.

Especialmente para investir no transporte de mercadorias de e para a Galiza que o TGV não prevê, mas, também, para atrair mais passageiros, uma vez que foi recentemente adiada a construção da ligação Porto/Vigo em TGV.

Sendo o recente crescendo de utilização da Linha do Minho, entre Nine e Valença, uma clara demonstração de que as populações do litoral norte do país, apesar de tão deficiente oferta de serviço, querem utilizar o transporte ferroviário, solicito ao Secretário de Estado dos Transportes que me informe:

- Qual o plano de investimentos da Refer para beneficiação (duplicação) e electrificação da ferrovia no troço Nine/Valença da Linha do Minho, bem como na requalificação das Estações e na aquisição de novas e cómodas carruagens de passageiros?

- Qual o plano da CP para dar satisfação ao crescente número de passageiros e atrair novos utilizadores do transporte ferroviário, aumentando o número de serviços diários na Linha do Minho, reduzindo o tempo de viagem e melhorando a ligação intercidades e a articulação com o alfa pendular?

Assembleia da República, 21 de Maio de 2010

O Deputado

Defensor Oliveira Moura

1 comentário:

  1. Esta carta do sr deputado Defensor Moura envergonha-me como vianense e utilizador da Linha do Minho:

    a-) Enquanto era presidente da câmara municipal já tinha conhecimento da intodução de portagens na A28. Em vez de ter feito ameaças que ia portajar a cidade ou a entrar em lutas perdidas (como se verificará a 1 de Julho), deveria ter exigido a requalificação da linha do Minho como contrapartida às portagens. Viana do Castelo é agora a unica capital de distrito, a par de Leiria, sem auto estradas gratuitas e sem um serviço ferroviário a sério.

    b-) Lembro-me de que quando era autarca da minha cidade, lhe terem prometido um serviço intercidades e viagens em tempos mais curtos entre Viana e Porto. Onde estão esses serviços??Onde estão as reclamações pela falta do prometido??

    c-) A Refer apenas trata da estrutura, o material circulante não é da competencia da Refer. Já há varios anos também que não circulam carruagens na Linha do Minho.

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