quarta-feira, 27 de maio de 2009

Serviço e preço do comboio causam indignação

Cambeses-Barcelos mais caro que Braga-Porto.Utentes, partidos e associação criticam Governo.

A população de Cambeses (Barcelos), um dos apeadeiros mais concorridos do ramal de Braga, está descontente com o serviço e o preço do comboio. Um problema agravado com o fim do serviço diário de autocarro.

O bilhete de comboio entre a cidade de Barcelos e a freguesia de Cambeses vale 2,30 euros, quando entre Braga e Porto, com o quádruplo dos quilómetros (14,7 contra 56,6), é a 2,15 euros. Os cambesenses estão descontentes por serem cada vez mais penalizados, quando o seu apeadeiro é dos mais concorridos do ramal de Braga (Linha do Minho), mostrando o seu respeito e afeição pela ferrovia.

Se de e para a Invicta o troço é directo e taxado à zona, já a ligação para Barcelos obriga sempre à troca em Nine (Famalicão). Aqui começa o problema. As esperas na ligação são por vezes de uma hora e tem que se comprar dois bilhetes: 1,20 euros pelos 11,3km no regional/interregional Barcelos-Nine (pago ao quilómetro, logo mais caro) e 1,10 euros pela zona 1 no urbano Nine-Cambeses, onde se volta a perder dinheiro, porque são paragens vizinhas e a "zona" chega a cobrir todo o ramal de Braga por igual tarifa.

Por outro lado, Braga-Porto (Campanhã) tem 30 viagens directas por dia que demoram entre 41 minutos e 1h 15m. Barcelos-Cambeses só possui 11 idas diárias, nunca directas, a levar 20 minutos até 1h05m. Ou seja, mais de metade do tempo, em média, para um trajecto quase quatro vezes menor. Boa parte dos populares só é a favor da CP pela empresa ter mantido o nome histórico do apeadeiro: Couto de Cambeses.

O preço dos bilhetes e a demora sobre carris sente-se mais agora que a Transdev deixou os diversos serviços diários de autocarro até Cambeses, limitando quem não tem viatura e ignorando defensores dos transportes públicos e ambientalistas. A população lamenta a "passividade e falta de intervenção consequente" dos políticos locais para impedir o cenário. A Associação Comboios XXI acha "miserável" o serviço ferroviário no município do galo e repudia a falta de ligações rápidas que o Estado deveria assegurar naturalmente.

Há muito que o PCP insiste na electrificação e duplicação da linha do Minho a norte de Nine, como sucedeu no ramal de Braga em 2004. "Há planos orçados há muito. Desafio a Câmara a abandonar a reivindicação demagógica do TGV no concelho e defender um serviço de qualidade que passe pela ferrovia tradicional, isto é, poder integrar a rede de suburbanos do Grande Porto", sendo Barcelos, ou mesmo Viana do Castelo, um ponto terminal da rede, tal como Braga, Guimarães, Aveiro e Caíde, disse recentemente o comunista Fernando Semblano. "Barcelos paga demasiado por igual distância, gasta tempo a mais e nem metade da oferta e qualidade tem", sustentou.

Já este mês, o deputado Fernando Pereira (PSD) apresentou no Parlamento um projecto de resolução a pedir ao Governo para o troço até Barcelos ser incluído na rede urbana do Porto. Aliás, a cidade do Cávado está "mais próxima" da Invicta (50,3km) do que as outras estações terminais. No troço circulam 28 comboios/dia, mas a maioria não são directos. Isabel Jorge (PS) alegou que a pretensão só é possível após 2013, com o fim dos constrangimentos na Trofa e Ermesinde. Helena Pinto (BE) criticou as atrasos da tutela no investimento.

Fonte: JN

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